Eu sou a minha própria
salvação. O meu próprio alicerce. Eu curo a minha nostalgia com o amanhã. Seco
as lágrimas do meu rosto com os meus dedos. Ninguém pega um lencinho e as seca
por mim. Ninguém me dá dicas de como matar a saudade alojada na alma.
Sou uma heroína de mim mesma. Salvo a minha
pátria. Levo um arranhão da tristeza, um tapa da melancolia e um golpe forte da
dor. Depois, busco forças para me regenerar usando o meu eu interior. Venço os
vilões e sou aplaudida de pé. Por mim mesma, é claro. Não reconhecem os meus
esforços.
Eu me namoro todos os dias. Me presenteio com
autoestima quando o meu humor colabora.
Caso contrário, discuto o relacionamento, pensando em como tornar esse namoro
eterno.
Eu não peço mais ombro amigo de ninguém. No
máximo um conselho. Meu antídoto para todos os males é a esperança. De virar o
jogo, de sair da zona de rebaixamento e ser campeã.
Tenho personalidade
solitária. Gosto de conversar, de fazer e preservar as minhas amizades. Mas
sendo estranho ou não, gosto mais ainda de me trancar no quarto. De deitar de
bruços na cama e refletir sobre os erros que cometi. De sentar no computador e
dar brilho as minhas ideias, digitando-as num editor de texto.
Tenho mil e uma
características que chegam a um veredicto final bem óbvio: a independência. Por
mais que eu seja carente e goste de ser mimada até enjoar, costumo resolver
meus problemas sozinha. Sem ferramentas. Claro, Deus me incentiva lá de cima a
continuar respirando. Contudo, eu sei muito bem de que nada adianta um
incentivo se não há coragem para superar. E é por isso que bato no peito e
digo: “se hoje vivo, se ainda não perdi a fé, é porque me ajudei a todo
instante”. Enquanto o desgosto cavava um buraco bem fundo com a intenção de
maltratar, eu pegava terra com as mãos e cobria na tentativa de fazer esse
rombo sumir. Eu lutava contra o meu pior inimigo – a descrença – e no fim
deixava o desgosto cansado de tanto me ferir.
Antes, era feita de marionete. Hoje, faço
pior. Ignoro, como se um ser inanimado estivesse na minha frente. Posso me
definir com indefinível, posso pegar tudo o que escrevi e tirar uma conclusão:
a de que eu não faço sentido. De que sou um ser único, que mistura a bondade
com o que é desagradável. Uma vitamina, um treco misturado e bizarro, mas que
dá pra engolir.
— Nara May
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